terça-feira, 1 de junho de 2010

Futebol: 3ª divisão "resiste" mais duas épocas

A Direcção da Federação Portuguesa de Futebol deixou "cair" proposta de campeonato pró-Nacional no terceiro escalão já a partir da próxima temporada.


A Assembleia Geral (AG) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) aprovou as alterações regulamentares referentes às remodelações dos quadros competitivos da 2ª divisão, com aplicação na próxima época, e da 3ª, em 2011-2012.


A proposta apresentada pela direcção da FPF, aprovada na generalidade com alguma contestação na sessão magna de 31 de Janeiro, voltou a merecer acesa discussão, mas acabou por ser votada favoravelmente pela maioria dos sócios ordinários, consagrando-se um novo figurino na 2ª divisão e o aumento para dois anos do período de carência na 3ª, cujo formato a partir de 2011-2012 ainda não está definido.




Na 2ª divisão, que na última época apresentava quatro séries, a competição terá um quadro de três zonas, cada uma com 16 equipas, uma solução que Amândio de Carvalho, vice-presidente da FPF, considerou que "não é a melhor solução" por razões económico-financeiras, mas ressalvou à Agência Lusa que corresponde "às pretensões de clubes e associações".




No que se refere à 3ª divisão, a proposta recebeu acolhimento favorável na generalidade, mas carece de revisão de alguns aspectos na especialidade, um dos quais prende-se com a participação de 10 ou 12 clubes na série Açores.




Amândio de Carvalho afirmou que a Direcção da FPF "não teve nada a opor que houvesse mais um ano de carência" relativamente à proposta aprovada a 31 de Janeiro e salientou que "o que é preciso é que os campeonatos possam estabilizar, ter-se um ou dois anos para se chegar à conclusão se servem ou não". O dirigente da estrutura federativa lamentou que a avaliação "não tenha acontecido porque, mal um campeonato é reestruturado, aparecem, de imediato, vozes negativas, sem se saber porque são negativas".




O vice-presidente da FPF, que comunicou a retirada da proposta de alteração referente à fase pró-Nacional na 3ª divisão, assinalou ainda que se manteve a filosofia que presidiu à reformulação dos quadros competitivos nas alterações aprovadas numa assembleia, que se prolongou por mais de seis horas, sem intervalo para almoço.




"É precisamente essa ideia de diminuir as despesas e tentar que as receitas possam aumentar. Isto porque são os próprios clubes e as associações que dizem que, do ponto de vista financeiro, é melhor estar num campeonato regional ou distrital do que num nacional", disse, aludindo à proximidade geográfica dos clubes e o facto de isso propiciar a deslocação de adeptos.




A Assembleia Geral da FPF aprovou também a acta da sessão de 31 de Janeiro – apesar de uma polémica relacionada com aditamentos – e votou favoravelmente por unanimidade as alterações a artigos dos regulamentos de provas oficiais e disciplinar relacionadas com as transmissões televisivas na Taça de Portugal.




As alterações ao clausurado do campeonato nacional de futebol feminino – sistema transitório época 2009/10 – foram igualmente ratificadas pela assembleia da FPF, realizada na sede do organismo sem a presença da Associação dos Médicos de Futebol.




Quanto à proposta conjunta do Conselho de Arbitragem da FPF e da Comissão de Arbitragem da Liga de alteração a quatro artigos do Regulamento de Arbitragem, que preconizava a redução de 25 para 22 árbitros para a Liga, Liga de Honra, Taça da Liga e Taça de Portugal, foi rejeitada por 190 votos contra, recolhendo 107 intenções favoráveis e um total de 185 votos de abstenção.




O QUE MUDARÁ
NA 2ª DIVISÃO NACIONAL
A partir de 2009-2010 o campeonato é disputado por 48 equipas, dividadas em três séries (Norte, Centro e Sul) de 16, descendo à 3ª divisão os últimos quatro classificados de cada zona. Por seu lado, o primeiro classificado de cada série vai disputar a segunda fase, de onde sairão os dois emblemas promovidos à II Liga.


NA 3ª DIVISÃO NACIONAL
Disputado por 96 equipas até 2011-2012, o campeonato divide-se em oito séries de 12 clubes, que jogam todos contra todos a duas voltas. Na segunda fase, os seis primeiros lutam pela subida e os últimos seis pela manutenção.




O desfecho da AG extraordinária da FPF deixou o presidente da Associação de Futebol de Beja (AFB) razoavelmente satisfeito. "Felizmente, não irá ser disputada na próxima época a tal 3ª divisão pró-nacional", sublinha Fernando Dionísio, que, apesar de algumas reservas, mantém uma réstia de optimismo relativamente às alterações que serão introduzidas na competição dentro de duas temporadas. "Esperamos que possa verificar-se um volte-face em tudo aquilo que tem sido feito e que possamos fazer aprovar uma proposta menos desfavorável às nossas equipas e às equipas pertencentes às pequenas associações", afiança o responsável máximo pela AFB, a quem agrada a proposta apresentada em Fevereiro pela congénere do Algarve, que defendia que, em caso da extinção da 3ª divisão, os campeões distritais seriam sempre promovidos ao escalão secundário e não disputariam uma fase pró-Nacional. "Pensamos que essa poderá ser uma via para que os campeonatos não-profissionais possam dar alguma viabilidade às pequenas equipas de se manterem na disputa de campeonatos nacionais e não em mini-campeonatos como se pretende fazer".

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